A QUASE ESQUECIDA PISTOLA RADOM

 

Soldados aliados utilizando armas da Wehrmacht. Repare na P-38 ao fundo e na Vis-35 a frente.

Dados técnicos:

Tipo de arma: Pistola
Calibre: 9mm Parabellum
País de origem: Polônia
Ação: Semiautomática
Capacidade: 8 munições

Data de produção:    1935 a 1945

Fabricantes: Fabryka Broni – Radom

Steyr-Werke

Localização: Radom – Polônia

Steyr – Austria

Quantidade produzida no pré-guerra: 49.400
Quantidades produzidas em guerra: 313,000 peças
Números de séries: 001 – 49400 Pistolas polonesas (antes da ocupação alemã)

A001 – Z10000 Primeira série do alfabeto (10.000 a cada letra)

A001 – K9150 Segunda série do alfabeto

No tópico de hoje gostaria de ajudar os colecionadores brasileiros a esclarecer eventuais dúvidas relativas a pistola polonesa Vis – 35, mais conhecida como Pistola Radom.

Embora no Brasil o colecionismo de armas de fogo esteja apenas engatinhando perto de países como EUA, o Brasil possui um rico acervo bélico de armas da Primeira e Segunda Guerra Mundial, os quais se encontram sabidamente preservados por colecionadores registrados sob a égide do Exército Brasileiro e do R-105.

Atendendo ao chamado de um colega CAC, tivemos a oportunidade de conhecer pessoalmente a famigerada pistola polonesa Vis – 35. Embora não se trate de uma pistola rara devido à feitura de aproximadamente 313.000 unidades sob ocupação militar alemã durante a Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945), não se vislumbrava nada em português, tanto na internet quanto em livros que tratam do colecionismo de armas de fogo, que pudesse permitir um real estudo das particularidades dessa pistola.

Vale ressaltar que essa pistola nasce da necessidade que os poloneses tiveram de equipar suas forças militares com o que de melhor havia em projeto de pistola que pudesse garantir a soberania de seu país. Dona de uma péssima geografia do ponto de vista militar, a Polônia está encravada entre a Alemanha e a Rússia e, por óbvio, era cediço que seus militares de alto escalão sabiam da necessidade de equipar suas forças militares com armas que pudessem ser confiáveis em caso de uma eventual invasão.

Membro da resistência polonesa armado com sua VIs – 35 durante batalha na WWII.

Impossível falar sobre a Vis – 35 sem adentrar em pura história militar e questões bélicas das duas grandes guerras (1914 – 1918 e 1939 – 1945), de modo que o leitor deverá se revestir de paciência para adentrar nas questões históricas pertinentes ao assunto, para que assim se possa ter a real compreensão do que a Vis – 35 representa para o colecionismo, podendo, diante das várias questões históricas, entender certas peculiaridades da arma em análise.

Encravada no centro-leste da Polônia situa-se a cidade de Radom, pelo que já se percebe que a utilização do termo “pistola Radom” está equivocada, pois leva o nome da cidade para designar a arma em comento. Porém a Vis – 35 é mundialmente conhecida como “pistola Radom”.

Em 1925 foi construída nesta cidade uma fábrica destinada à produção civil e militar de armas de fogo para o governo da Polônia, denominada Fabryka Broni Radom. Durante o final da década de 1920 e início dos anos 30 os projetistas Piotr Wilniewczvy e Jan Skrzpinski adaptaram o projeto de John Moses Browning relativos à pistola Browning Hi-Power, originando o projeto inicial da Vis – 35, onde muitos classificaram essa pistola com uma fusão da Colt M1911A1 e a Belga Hi-Power.

Em 1935 o governo Polonês iniciou os testes para adoção de uma pistola regulamentar padrão para as Forças Armadas, onde inúmeras pistolas foram analisadas, inclusive a pistola Colt 1911A1 .45 ACP e a própria Browning Hi-Power 9mm, sendo que a pistola Vis – 35 foi imediatamente adotada como pistola regulamentar padrão das Forças Armadas da Polônia, sob a designação “Pistolet wz – 35”. O “wz” significa “modelo”.

Durante os testes iniciais não demorou para que as autoridades polonesas percebessem o grande projeto de pistola que tinham nas mãos, tão logo adotando-a em 1935. Embora sua essência remonte ao projeto inicial da M1911, a Vis – 35 difere seu sistema de trava da culatra em relação à lendária Colt, que travava o cano por meio de um anel externo.

Assemelhando-se com a pistola Browning Hi-Power a Vis – 35 não possui anel para travar o cano, mas sim uma saliência que aproveita a força do disparo para empurra-lo para baixo à medida em que o ferrolho é movido pelo disparo. Por isso, não é incomum encontrar citações na literatura em que os colecionadores consideram o projeto da Pistola Radom como uma das melhores armas de fogo produzidas durante a Segunda Guerra Mundial, o que a torna muito procurada por colecionadores.

 

Cano da M1911 demonstrando o anel de travamento

Vista lateral do cano da Vis-35. Repare na ausência de travamento por anel

 

Durante os testes inciais para sua adoção, a Vis – 35 atingiu a incrível capacidade de disparar 6.000 vezes sem apresentar problemas relevantes. Produzida de 1935 até 1939 antes de ser ocupada pelos nazistas, a Fabryka Broni Radom utilizou-se dos melhores materiais para realizar a confecção das pistolas. Foram marcadas nesse período com a inscrição “FB RADOM” e o respectivo ano de produção, além de “VIS-wz (wz = modelo) 35 Pat. Nr 15567”. Entre as inscrições havia o emblema nacional da águia polonesa. As talas eram em baquelite recartilhado com a inscrição “FB” do lado esquerdo e “VIS” do lado direito. A designação “Vis” vem do latim que significa “força”. Abaixo um exemplo de Vis – 35 fabricado antes da ocupação militar alemã:

As pistolas Vis-35 pré-guerra possuem a águia polonesa como escudo nacional

 

Desta forma, temos a pistola polonesa Vis – 35 pré-guerra, ou seja, fabricada antes da ocupação militar alemã em 1939. As pistolas fabricadas nesse período eram feitas do melhor material e continham um acabamento fora do comum para os padrões militares da época. Veremos a seguir que a designação polonesa para essa pistola era Vis-wz. 35, ao passo que os alemães, ao ocuparem a fábrica da Radom, a designaram apenas como Pistola 35 (p), onde o sufixo “p” significa polnisch (polonês). Nos anos iniciais de produção, a Vis 35 foi nomeada de WIS, junção das iniciais dos nomes de seus designers Piotr Wilniewczyc e Jan Skrzypinski, embora rapidamente tenha sido rebatizada apenas para Vis, que significa “força” em latim, com o wz de prefixo para designar wzor (que do polonês significa “padrão”).

Abaixo temos um modelo de Vis – 35 pré-guerra. Denota-se um ótimo acabamento para as pistolas fabricadas para o Exército polonês de 1935 a 1939, as quais tinham uma qualidade muito superior do que os fabricados pelos nazistas de 1939 a 1945.

 

 

Percebam que o azul é brilhante e acetinado, dotado de um polimento incapaz de se ver a olho nu qualquer marca de fresa ou rebarba de usinagem. Também devemos notar estampado no lado esquerdo do ferrolho a águia polonesa (símbolo nacional) e que os números de série não são antecedidos de qualquer prefixo. Vejamos:

 

PRODUÇÃO DAS PISTOLAS VIS – 35 APÓS A OCUPAÇÃO MILITAR ALEMÃ À POLÔNIA EM SETEMBRO DE 1939

Quando os nazistas invadiram a Polônia em setembro de 1939, imediatamente assumiram a fábrica da Radom e emitiram a Vis-35 como arma regulamentar secundária para a Wehrmacht. Desta forma, os alemães deram continuidade na fabricação da P-35 (assim designada pelos nazistas), produzindo a soma aproximada de 313.000 entre Setembro de 1939 e Janeiro de 1945.

1º de setembro de 1939: os alemães derrubam a fronteira da Polônia. Tem início a II Guerra Mundial.

Não é difícil encontrar, portanto, pistolas Vis-35 do período de transição entre o regime polonês e o nazista. Pistolas deste período de transição apresentam números de série polonês inferior a 49.400 (sem prefixo), com ótimo acabamento, dotadas do símbolo nacional (escudo de águia polonesa), contendo marcas de prova (waffemant) da Wehrmacht. Essa particularidade se deu em razão do aproveitamento pelos alemães de peças da Vis-35 já produzidas pela fábrica da Radom. Por isso não é grande o número de pistolas com essa particularidade.

 

PRODUÇÃO INICIAL DESTINADA À KRIEGSMARINE

Após os alemães ocuparem a fábrica da Radom no final do ano de 1939 iniciou-se a feitura de um pequeno lote de pistolas Vis-35 que seriam destinadas à Kriegsmarine (Marinha de guerra da Alemã).

Vale ressaltar que os alemães iniciaram o número de série das pistolas Vis-35 a partir do 0 (zero) ao tomarem a fábrica para a produção de sua P-35 (assim designada para o III Reich), ou seja, muito embora a fábrica da Radom já tivesse produzido algo em torno de 49.400 pistolas antes da ocupação, os alemães iniciaram o número de série sem computar a velha numeração polonesa, exceto as pistolas já produzidas pela fábrica durante sua captura, as quais foram marcadas com o waffenamt.

Antes dos nazistas iniciaram a numeração oficial dessas pistolas utilizando o sistema de prefixo alfanumérico (a0001 até a10000 / b0001 até b10000 / c0001 até c10000), – onde se utilizavam as letras alfabéticas para um conjunto de produção de 10.000 pistolas a cada prefixo, de forma a rodar todo o alfabeto, – os alemães fabricaram um pequeno lote de 500 unidades destinadas à Kriegsmarine.

Desse raro lote de pistolas, não é loucura, tampouco arriscar a sorte em dizer que mais de 80% delas repousam no fundo do oceano, fato este que ocasiona a ganância de falsificadores que ousam realizar entalhes (gravações) em pistolas Radom precoces na tentativa de supervalorizar suas armas e enganar colecionadores menos experientes.

Abaixo vejamos uma falsificação:

Aproveitando-se de uma pistola de transição (baixo número de série e ausência de prefixo) o falsificador inseriu uma marcação indicativa de remessa à Kriegsmarine, tentando acrescentar alguns milhares de dólares à arma

Repare que não existe prefixo alfanumérico no número de série, o que indica que essa pistola foi remontada pelos nazistas com peças fabricadas antes da ocupação

O falsificador adicionou o N de Navy, tentando imitar a marcação original

Veja que existe uma água sob o número 623. Essa código indica finalização de montagem em Steyr – Áustria.

FONTE:

                          http://www.wehrmacht-awards.com/forums/showthread.php?t=523656

 

O que levou essa falsificação a ser descoberta no fórum eletrônico de militaria wehrmacht-awards é o elevado número de série 8736 em conjunto com o waffemant 623 aplicado à face esquerda do ferrolho (slide). O falsificador, aproveitando da ausência do prefixo alfanumérico, tentou adicionar o escudo da Marinha de Guerra Nazista para acrescentar valor à pistola. Contudo, se esqueceu que o waffenamt 623 é um pequeno selo militar que consiste em uma águia oposta sob o número mencionado. Esse selo (águia/623) indica produção ou montagem final em Steyr-Daimler-Puch na Áustria, onde já no início de 1940 parte da produção de canos e ferrolhos foi dividida a fim de impedir contrabando de pistolas para a resistência polonesa.

Desta feita, embora as pistolas iniciais fabricadas para a Kriegsmarine não contivessem prefixo alfabético junto ao número de série, também não possuíam o waffenamt 623, já que o lote destinado à Kriegsmarine foi fabricado inteiramente dentro da fábrica da Radom, com selo de aprovação “águia/77”.

Vejamos, agora, uma verdadeira P35 da Kriegsmarine:

Repare que não existe o Waffenamt 623, apenas o Waffenamt 77 e a suástica.

Veja que o número de série é mais baixo do que a falsificação mostrada anteriormente

Abertura na parte traseira da empunhadura para encaixe de coronha (slot)

Veja o desgaste natural de uma arma exposta a condições adversas

 

Veja a coloração negra do cano. Essa coloração era indicativo de que o cano foi trabalhado para aguentar a salinidade do mar

Visão esquerda da Vis-35. Repare o cano escurecido para uso no mar

Percebam que na arma acima identificada não existe selo WaA623 que signifique conclusão em Steyr – Áustria, por isso, retrata uma pistola de ocupação inicial montada inteiramente em Radom antes dos alemães começarem a enviar partes da P-35 para montagem e finalização em Steyr, onde os canos dessas pistolas passaram a ser inteiramente produzidos como forma de impedir o contrabando e acesso a partisans poloneses. Também não se vê anel de afivelamento e o cano era dotado de coloração negra, o que dificultava a corrosão por salinidade. Portanto, essas pistolas são consideradas raríssimas e foram produzidas durante o início da ocupação militar à Polônia em 1939, denominando-se “Radom Navy non Prefix”.

O U-boat alemão U 534 da Segunda Guerra Mundial

Embora não exista qualquer documentação alemã ou polonesa oficial que comprove a fabricação desse lote de 500 peças para a Marinha de Guerra, tem se tornado pacífico o entendimento junto aos colecionadores acerca de sua veracidade. Assim, diante de seu número reduzido e levando-se em conta que a grande maioria afundou juntamente com os U-boat durante a Segunda Guerra, não deve restar mais do que 50 pistolas no mundo, o que desperta a cobiça dos golpistas, que tendem a aproveitar-se desse fato para danificar até mesmo uma Pistola Radom original, infringindo-lhe gravações grosseiras que prestam-se a desvalorizar a arma na tentativa de ludibriar colecionadores mais gananciosos e menos estudados.

 

A RESISTÊNCIA POLONESA

A Polônia, sem dúvida, foi o país que mais sofreu com a fúria nazista. É neste país que se concentrou a maioria dos campos de concentração e o emprego de mão de obra escrava na produção militar.

Após a Primeira Guerra Mundial, a Polônia vivia um estado de identificação nacional e valoração da pátria. Durante o decorrer da guerra iniciou-se a formação do Estado Subterrâneo Polonês, também conhecido como Estado Secreto Polaco. Essa organização secreta de resistência visava lutar e desarticular as forças armadas alemãs. Seu ponto de maior destaque fora o Levante do Gueto em 1943 e a Revolta de Varsóvia em 1944. Enquanto isso, a resistência polonesa havia começado a contrabandear peças da fábrica para montar pistolas em segredo, e quando os nazistas descobriram esse fato, executaram cruelmente e sumariamente 12 trabalhadores diante de seus colegas na fábrica. Várias dessas pistolas “subterrâneas” foram usadas na famosa insurreição do gueto de Varsóvia em 1943, e na mais abrangente revolta geral de Varsóvia em 1944.

Desde o ano de 1940 a produção de canos da Vis-35 passou a ser dividida entre Radom na Polônia e a fábrica da Steyr na Áustria, onde as pistolas eram finalizadas com o selo WaA623. Temendo maiores sabotagens e contrabandos os alemães passaram a fiscalizar com rigor a produção das peças e a produção de canos destinou-se inteiramente para a fábrica de Steyr na Áustria, e as pistolas foram montadas a partir de peças polonesas, mas inspecionadas e finalizadas em Steyr. Entre dezembro de 1944 e janeiro de 1945, os soviéticos ocuparam Radom. Eles descobriram que o estoque e o maquinário da fábrica Radom havia sido removido e realocado. Essas pistolas de final de produção eram de extrema má qualidade e usavam várias peças de substituição. A produção total supervisionada por alemães foi estimada recentemente em 313.000 pistolas. Com o final da Segunda Guerra em abril de 1945, nenhuma nova pistola VIS foi produzida. A fábrica de Radom começou a produzir a pistola TT-33 Tokarev para a República Popular da Polônia, sob o controle dos soviéticos. Aquela pistola era reconhecidamente inferior ao VIS, mas era o padrão para as tropas de ocupação. Em 1997, na revitalizada fábrica Radom algumas poucas pistolas foram produzidas como edições limitadas e comemorativas.

Durante a ocupação da fábrica da Radom, os alemães temiam que os técnicos e trabalhadores escravos poloneses pudessem contrabandear peças para a montagem de pistolas pela resistência. Isso levou já no início de 1940 a divisão de tarefas na confecção dessas pistolas. O cano das pistolas Vis – 35 foram fabricados em Steyr – Áustria, onde a montagem final das P-35 (p) eram reunidas. Por isso o selo “águia/77” indica aprovação militar dentro da fábrica Radom, enquanto o selo “águia/623”indica fabricação ou montagem final em Steyr – Áustria.

A Vis – 35 esteve em serviço para o Estado Polonês antes da guerra, para o III Reich e também, para o Estado Subterrâneo Polonês, assim considerado a resistência clandestina da Polônia durante a Segunda Guerra Mundial. Durante este conflito, vários trabalhadores da Fábrica Radom eram fuzilados à mínima suspeita de desvio de peças para a resistência polonesa.

 

 CATEGORIAS E DIFERENÇAS

A Vis-35 9 mm foi uma das pistolas militares de maior qualidade fabricadas antes da Segunda Guerra Mundial, e passou a perder a qualidade na medida em que a guerra avançava. Os colecionadores dividem a produção da Vis-35 em certas categorias, embora o modelo se mantivesse idêntico do começo ao final de sua produção em 1945. Vejamos as categorias:

 

 1 – Modelo Puro (feito antes da ocupação militar)  – 1935/39

Pré-guerra

Essas pistolas não possuem qualquer marcação alemã. Possuem 3 travas e o slot para encaixe da coronha na parte traseira da empunhadura. Possuem o escudo nacional polonês e o ano de fabricação, contando com um acabamento azulado e polido.

TOTAL PRODUZIDO 49.400 PEÇAS (número aproximado)

 

 2 – Modelo Puro de Transição com escudo polonês (porém com waffemant nazista) – 1939

Período de Guerra

Quando os alemães capturam a fábrica em setembro de 1939, passam a aproveitar as peças da Vis-35 em estoque. Por isso essas armas possuem o brasão polonês (escudo nacional da águia) e outras inscrições de cunho pré-guerra, porém os alemães adicionam suas marcações.

As pistolas Vis-35 dos modelos puros assim chamados são pistolas fabricadas e montadas antes da ocupação militar. Porém, o Modelo Puro de Transição “com escudo polonês” tratava-se das pistolas remanescentes já construídas e encontradas pelos alemães durante a ocupação da fábrica, as quais foram cunhadas com selos nazistas e passaram a servir oficialmente o III Reich. Essas pistolas, portanto, possuem o emblema do governo polonês com selos de aceitação nazista.

 

3 – Modelo Puro de Transição sem escudo polonês (com waffemant nazista) 1939 – Kriegsmarine

TOTAL PRODUZIDO 500 PEÇAS (número aproximado)

Ainda em 1939 os alemães iniciam uma fabricação própria sem qualquer inscrição pré-guerra do governo polonês. Antes mesmo de adicionar prefixo alfabético ao número de série os nazistas fabricaram um lote de aproximadamente 500 Vis-35 destinadas à Marinha de Guerra. Por isso, essas armas consideradas raríssimas hoje pertencem ao modelo de transição, já que a partir desse lote de armas, os alemães passaram a fabricar a Vis de maneira ininterrupta e sem especificações como as feitas à marinha.

VARIANTES COMUNS DO PERÍODO DE GUERRA

 

– Variante do Tipo I – 1940/41

O Tipo I, assim como nos modelos puros, possui um acabamento polido e três alavancas, a saber: a trava do ferrolho, o decocking, e a trava auxiliadora de desmontagem. Temos também o slot (abertura) na parte traseira da empunhadura para encaixe da coronha de ombro. Os números de série iniciam-se do zero segundo os padrões alemães, abandonando o serial das armas de modelo puro polonês. Há também a inscrição F.B. RADOM VIS Mod. 35 Pat. Nr.15567. Acima da inscrição, em baixo relevo, temos “P 35” no lado esquerdo do ferrolho. A partir desta variante os alemães adicionam o prefixo alfabético antes do número de série. Ex: a0001 até a10000 – b0001 até b10000 e assim por diante até rodar o alfabeto, sendo que cada prefixo é utilizado para um total de 10.000 peças. Nesta variante do tipo I ainda existe a abertura na parte traseira da empunhadura (slot) para encaixe da coronha.

Número aproximado de produção: 100.000.

 

– Variante II – 1941/43

A variante do tipo II é a mais comum, tendo sido produzidas 144.000 unidades. Essa variante apresenta um azul aplicado à superfície áspera, onde nitidamente se vê a qualidade do polimento se perder na necessidade de produção militar premente. Assim como na variante I possui a gravação F.B. RADOM VIS Mod. 35 Pat. Nr.15567 acima da inscrição em baixo relevo P 35 do lado esquerdo do ferrolho. Também possui três alavancas: o decocking, a trava do ferrolho e a trava auxiliadora de desmontagem. Nesta variante os alemães baniram a abertura (slot) na empunhadura, que seria utilizada para instalar coronha de ombro. Desta forma, apenas diverge na perda do slot de empunhadura e no grau de polidez.

Número aproximado de produção : 140.000.

 

– Variante III – produzidas de 1943 a 1945

As pistolas do tipo III tem apenas duas alavancas (decoking e trava do ferrolho) e nenhum slot. Estas pistolas foram produzidas pelos alemães entre 1943 e 1945. Por esta altura, os russos estavam batendo na porta e a produção foi transferida para a fábrica de Steyr na Áustria. Estas pistolas exibem a pior qualidade de acabamento. Os painéis das talas são geralmente de plástico ou madeira castanha e algumas não possuem monogramas “FB” e “VIS” em suas empunhaduras.

Ao lado temos um exemplo de produção tardia (variante do tipo III). Perceba que não existem as chamadas 3 travas. O decocking e a trava do ferrolho ainda estão presente, mas a alavanca da desmontagem e o slot (encaixe de coronha), foram omitidos. As marcas dos slides nos primeiros exemplos serão “F.B. RADOM VIS Mod. 35 Pat. Nr.15567”, enquanto as versões mais tardias de 1945 apenas possuem a inscrição “bnz”.

 

CURIOSIDADES DA VARIANTE III

As pistolas de final de produção, notadamente as pistolas cujo prefixo alfabético já passaram da letra “Z” (ou já iniciaram novamente o alfabeto) são as que exibem o pior acabamento. Embora grande parte dessa última variante apresente estado de match number é nessa última variante que são encontradas as armas do chamado Estado Secreto Polonês, ou seja, pistolas montadas com peças contrabandeadas por trabalhadores escravos encarregados de sua produção em Radom. Por isso, algumas armas dessa última variante apresentam inconsistência nos números de série devido à montagem informal com diferentes peças que foram aos poucos desviadas da fábrica.

 

 

O fundador do site Armas Históricas é Advogado. Colecionador da 2ª RM. Estuda armas de fogo e artefatos militares e seu impacto e relevância para os dias atuais. Também é entusiasta e participa de encontro entre colecionadores do Brasil e exterior. Sócio da Confederação Brasileira de Tiro Esportivo no Estado do Rio de Janeiro.


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