SMITH & WESSON DO CONTRATO BRASILEIRO

 

Revólver Smith & Wesson do contrato brasileiro. A arma está mantida na caixa original e pertence a segunda remessa realizada em 1946 para o Brasil. Cortesia de colecionador particular do Estado de São Paulo.

O revólver Smith & Wesson Modelo 1937 é uma arma de fabricação Norte Americana. Foi adquirido por meio de contrato firmado entre o as forças armadas do Brasil e a empresa Smith & Wesson em 1937, para a compra de 25.000 unidades para abastecer as Forças Armas do Brasil e, por isso, é considerada a mais histórica arma brasileira.

Aliás, o fato de ser considerada, na opinião de muitos estudiosos em armas de fogo, como a arma de maior valor histórico cultural do Brasil não é por ter sido adquirida por contrato em 1937, – já que o Brasil sempre comprou armas estrangeiras ante sua inexistente capacidade empresarial bélica – mas sim por seu uso por integrantes da Força Expedicionária Brasileira (FEB) em 1944 e 1945 no Norte da Itália.

Antes de discorrermos sobre o tema é necessário esclarecer o leitor sobre um fato interessante. Quando o Brasil comprou 25.000 unidades dos revólveres Smith & Wesson Model 1917 no ano de 1937, ninguém poderia prever ao certo que aconteceria a Segunda Guerra Mundial. Esse conflito foi determinante para dividir a remessa dos revólveres ao Brasil em 2 (dois) lotes. O primeiro lote de armas foi enviado ao Brasil em 1938 e o restante das armas somente seriam enviadas ao Brasil após o término da Segunda Guerra, já que a fábrica da S&W entraria em situação de emergência para atender os interesses dos EUA.

É comum, no meio militar brasileiro, utilizar-se apenas o final dos 3 últimos dígitos do ano de fabricação ou adoção para uso militar em conjunto com a primeira letra da palavra “Modelo”,  para indicar o armamento que se quer designar. Assim, esse revólver é conhecido apenas como M937.

Caso o colecionador brasileiro, mencione nos Estados Unidos o Modelo da Smith & Wesson 1937 não será bem compreendido, já que esse modelo é a designação brasileira do revólver e é conhecida apenas no Brasil, pois determina o ano em que a arma foi adotada para uso militar.

Nos Estados Unidos essa mesma arma é conhecida como Modelo 1917 ou apenas M1917. Por isso, no Brasil é comum se utilizar do termo M917/37 ou apenas 17/37.

Esse revólver foi utilizado pelo Exército Brasileiro entre 1938 e meados da década de 1980. Sua utilização nos Estados Unidos se deu de 1917 até o ano de 1975.

O Smith & Wesson Modelo 1917 é um revólver que nasce da ideia de possibilitar o uso da mesma munição (.45 ACP “Automatic Colt Pistol”) tanto na pistola já existente desde 1911 (Colt M911), quanto em um revólver que viesse suplementar o uso dessas armas na Primeira Guerra Mundial.

O número de pistolas Colt 1911 não foi suficiente para atender o Exército estadunidense em 1917, quando os Estados Unidos entraram na Primeira Guerra Mundial. Assim, para suplementar o uso das pistolas Colt a empresa Smith & Wesson fechou contrato para fornecer os revólveres Modelo 1917 para atender a demanda do Exército dos EUA.

Entretanto, como não seria possível que essa empresa realizasse número adequado de complementação de armas para o arsenal Norte Americano, a empresa Colt também passou a fornecer os revólveres Modelos 1917 ao Exército Americano. Foram fabricadas por cada uma das empresas a quantidade de 150.000 unidades do Modelo 1917, totalizando 300.000 exemplares, ao longo da produção.

Tamanho foi o sucesso do Modelo 1917 e seu largo conceito de confiabilidade, sobretudo pela adoção como arma governamental padrão do Exército dos EUA durante o fim da Primeira Guerra Mundial, que o Brasil, na década de 1930, resolve adquirir esse modelo para uso militar. A mesma necessidade que os Estados Unidos tiveram, durante a Primeira Guerra Mundial (guardada as devidas proporções), de suplementar o uso das pistolas Colt 1911 também acontecerá com o Brasil. Ao formar a Força Expedicionária Brasileira para combate no teatro de operações italiano, o Brasil utilizará grande parte desses revólveres para suplementar o uso de pistolas Colt 1911 que havia adquirido por contrato da empresa Colt.

As 25.000 unidades do revólver M937 eram insuficientes para acompanhar os “Pracinhas” da FEB, já que o Brasil não poderia mandar todo o lote de revólveres adquiridos dos EUA até o início do conflito em 1944, já que tais revólveres também se destinavam ao uso interno das Forças Armadas do Brasil.

Estima-se que tenham sido enviados poucos milhares dessa arma ao conflito e não mais que poucas dezenas das Pistolas Colt 1911 também do contrato brasileiro de 1937, durante o rompimento da linha gótica alemã no norte da Itália em 1944.

 

 

Essa suplementação por meio do contrato brasileiro para a compra dos revólveres M937 também ocorreu no Brasil. O Exército regulamentou o uso do calibre .45 ACP na década de 1930 e os revólveres M937 complementaram o número reduzido de pistolas Colt 1911, tanto em uso dentro do território nacional quanto em uso pela FEB.

Tanto as pistolas Colt M911 quanto os S&W M937 fizeram parte do arsenal utilizado pela FEB entre 1944 e 1945 em solo Italiano. Enquanto apenas Oficiais com patente superior utilizavam a Colt M911, grande parte do contingente dos soldados rasos fizeram uso do S&W M937.

Quando foi utilizado tanto na Primeira Guerra Mundial quanto na Segunda Guerra, os “moon clips” eram feitos em formato de ½ lua

Como dito acima, para uso inicial dos Estados Unidos foram feitos 300 mil revólveres, sendo 150.000 da Smith & Wesson e 150.000 da empresa Colt. Os fóruns internacionais que debatem questões ligadas ao tiro desportivo e colecionamento de armas são categóricos ao afirmarem a superioridade do modelo feito pela Smith & Wesson, sobretudo com o uso dos “moon clips”.

Como esse revólver foi feito para disparar a munição de uma pistola em calibre .45 ACP (mesma da pistola Colt), existe a necessidade de utilizar speed loader em forma de estrela ou moon clips – clipe de lua. O speed loader original do revólver M937 era em forma de meia lua.

O M1917 é praticamente uma cópia melhorada do revólver .44 Hand Ejector criado em 1908 pela empresa Smith & Wesson. Abaixo temos um exemplar do Modelo New Century hand ejector, do qual se verifica que o quadro (corpo do revólver) é praticamente o mesmo do M17/37.

O revólver . 44 Hand Ejector New Century 1908 é considerado na opinião dos estudiosos como o melhor revólver já construído no mundo.

 

CARACTERÍSTICAS DO MODELO 1917/37

 

SMITH & WESSON

1917/37

COLT´s M. Co

1917

Peso

1,0 kg

Peso

1,1 kg

Comprimento total

270 mm

Cal. 45 ACP – 06 cartuchos

Comprimento total

270 mm

Cal. 45 ACP – 06 cartuchos

Cano

5,5 pol ou 140 mm

Double Action

Cano

5,5 pol ou 140 mm

Double Action

 

Do lado direito da arma temos o Brasão da República do Brasil e, abaixo, a inscrição: “ESTADOS UNIDOS DO BRAZIL” “15 DE NOVEMBRO DE 1889” “1937”. “MADE IN USA”.

 

Exemplar da remessa concluída em 1946. Cortesia do colecionador.

Seu sistema de disparo era de ação simples e ação dupla. A alça de mira possuía leve diferença em relação ao Modelo 1917. Apesar da designação “1937”, esta representa o ano de adoção da arma como regulamentar padrão do Exército Brasileiro, fazendo referência ao contrato firmado com a empresa S&W. Não significa, portanto o ano em que as armas chegaram ao Brasil. O lote inicial de revólveres que chegaram ao Brasil em 1938 possuíam a empunhadura em nogueira americana com acabamento zigrinado, contendo o logotipo da Smith & Wesson encravado na parte superior da empunhadura.

Os exemplares da primeira remessa (pré-guerra) tinham o cabo zigrinado e a medalha da companhia. Foram enviados ao Brasil em 1938.

O acabamento dos revólveres que vieram ao Brasil no primeiro lote eram muito superior ao da segunda remessa. O cabo já evidencia a diferença. O primeiro modelo era zigrinado e continha a medalha da S&W e seu acabamento era bright black, agradável e brilhante, e finamente construído a partir de peças (cano, quadro, tambor etc) novas e pré-destinadas ao cumprimento do contrato brasileiro. Os revólveres da segunda remessa tinham acabamento fosco e o cabo era liso sem qualquer detalhe.

Veremos a seguir que não somente a condição externa dos revólveres do primeiro lote são melhores, como também todos os números de série batem entre si. Portanto, as várias peças do mesmo revólver M937 do primeiro lote foram feitas a partir do zero e elaborados justamente para cumprir o contrato com o Brasil. Já o segundo lote, além de um acabamento muito inferior ao primeiro (a começar pelo cabo), em sua maioria, possui diferentes números de série em cada revólver, evidenciando a problemática a seguir exposta.

A PROBLEMÁTICA DOS LOTES S&W NO PÓS-GUERRA

Ao contrário do primeiro lote de armas que chegara ao Brasil em 1938, o segundo e último lote de revólveres M937 chegara ao Brasil em 1946 e foram construídos a partir de peças do modelo 1917 compradas pela própria fábrica, bem como a partir de peças que compunham o estoque da fábrica, não sendo raro encontrar números de série distintos em várias peças de uma mesma arma. Devemos levar em consideração que o pós-guerra deixou a fábrica da S&W em situação de escassez de matéria prima e recursos financeiros limitados.

Para comprovar as assertivas mencionadas, passo a transcrever parte de vários diálogos públicos do fórum internacional “Thefringline”, que pode ser confirmada através da página https://thefiringline.com/forums/showthread.php?t=404995 onde é discutido pelos colecionadores internacionais vários aspectos do M1917/37, assim como o fato de que muitas armas M937 do contrato brasileiro possuem indicação de terem sido montados a partir de um estoque de peças existente na fábrica da Smith & Wesson. Os diálogos foram escritos originariamente em inglês e traduzidos para o português. Vejamos:

 

 2 de abril de 2010, 09:13   # 3
Aarondhgraham

Membro Sênior

 

Data de entrada: 1 de Dezembro de 2009

Local: Stillwater, Oklahoma

Mensagens: 8.175

Perdoe minha ignorância ,,,

Mas o que é um revólver de contrato brasileiro?

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Caje: O covarde morre mil vezes, o corajoso apenas uma vez.
Kirby: Isso é tudo o que é preciso, não é?
Combate: “A Silent Cry”
Aarond é bom ,,, Aarond é sábio ,,, Sempre confiança Aarond! (a maior parte do tempo)

 

 2 de abril de 2010, 09:17   # 4
Mike Irwin

Funcionários

 

Data de entrada: 13 de Abril de 2000

Localização: Northern Virginia

Mensagens: 38.710

Em 1937 o governo do Brasil ordenou um bando (eu esqueço quantos) revólveres de calibre .45, essencialmente o Modelo de 1917, mas carimbado com a crista Federal Brasileira no lado.

Por causa da eclosão da Segunda Guerra Mundial estes revólveres foram entregues em dois grupos distintos, o primeiro grupo (acho que a maioria) foram entregues antes da Segunda Guerra Mundial com a segurança de bloco de martelo de estilo antigo. O segundo grupo foi entregue em 1945-1946 com a nova segurança do bloco de martelo.

Muitos destes têm voltado lentamente para os Estados Unidos como superávit nos últimos 20 anos ou mais, alguns em muito bom estado.

O meu, um modelo precoce, não estava em tão grande condição externa, mas mecanicamente está em grande forma.

__________________
(….)

 

Portanto, do diálogo público entre os membros do fórum, um situado em Northern Virginia e outro de Oklahoma – USA, percebemos que o número de 25.000 unidades foram fracionados, sendo que a maioria foi entregue em 1938 e o segundo lote somente após o término da Segunda Guerra Mundial.

O membro Carguyshris, localizado em Richardson, Texas, menciona o porquê os atiradores e colecionadores estadunidenses preferem o M937 do contrato brasileiro ao M1917. Vejamos:

 

 3 de abril de 2010, 12:49   # 10
Carguyshris

Membro Sênior

 

Data de entrada: 20 de Outubro de 2007

Localização: Richardson, TX

Mensagens: 7.037

Citar:

Em 1937 o governo do Brasil ordenou um bando (eu esqueço quantos) revólveres de calibre .45, essencialmente o Modelo de 1917, mas carimbado com a crista Federal Brasileira no lado.

De acordo com o SCSW, foram produzidos 25.000.

FWIW os “1917s” brasileiros (1937s?) Têm vistas traseiras com uma seção transversal esquadrada melhor que a seção transversal arqueada dos modelos do exército dos ESTADOS UNIDOS. Alguns atiradores preferem os modelos brasileiros porque a forma quadrada torna mais fácil dizer que a elevação da frente está alinhada corretamente.

__________________
“Smokey, este não é ‘Nam. Isto é bowling.Há regras … MARQUE ZERO !!” – Walter Sobchak

 

Na transcrição abaixo, temos a informação de que o primeiro lote de M937 enviado ao Brasil em 1938 não teve qualquer tipo de problema com seus respectivos números de série. Entretanto, a segunda metade do lote enviado ao Brasil em 1946 apresenta sérios problemas de numeração e marcas de prova. Vejamos:

 

5 de abril de 2010, 12:02   # 17
Mike Irwin

Funcionários

 

Data de entrada: 13 de Abril de 2000

Localização: Northern Virginia

Mensagens: 38.710

(…)

S & W continuou a produção do modelo comercial do 1917 na década de 1930.
Minha arma do contrato brasileiro não tem marcações do governo, tem um logotipo da Smith & Wesson no lado esquerdo da moldura (modelos Gov’t não tinha logotipo, armas de produção comercial tinha o logotipo pequeno no lado esquerdo da moldura), mostra absolutamente nenhum sinal de qualquer tipo de acabamento, não tem marcas de inspeção governamental, e está bem no meio do primeiro lote de armas que foi para o Brasil no final de 1938.

Considerando o estado da fábrica S & W na época da guerra (lastimável), teria a S&W levado algum tempo em tudo para converter uma de suas linhas ociosas para fabricar essas armas novas para o Brasil, Se de fato não se dedicava já a fazer as armações grandes dos revólveres.

Eu acho que você está confundindo o primeiro lote de armas brasileiras contratadas com o que a S & W fez depois da Segunda Guerra Mundial, que foi a compra de 10.000 quadros do governo, que eles usaram para montar modelos comerciais e, eu diria, a segunda ordem da metade ao Brasil.

(…)

 

Assim, fica evidente que, com a chegada da Segunda Guerra Mundial a fábrica da Smith Wesson suspendeu o contrato para o fornecimento dos 25.000 revólveres M937. Não se sabe ao certo quantas armas foram enviadas ao Brasil em 1938, mas tudo aponta para algo em torno de 15.000 unidades. Esse lote inicial de M937 enviados ao Brasil tem seus números de série entre os números 181.983 a 207.043, e não apresentam disparidade entre os números de série que compõe a mesma arma.

Já a segunda remessa enviada ao Brasil em 1946, portanto no pós-guerra, apresenta uma série de enigmas. Essa incongruência de números de série e marcas de prova foram descobertos pelos colecionadores dos EUA, quando,  na década de 1990, o Brasil se desfez destas armas e exportou muitas delas ao mercado de colecionadores dos EUA, onde  perceberam a grande incongruência entre os números de série, principalmente nos modelos de cabo liso. Vejamos um exemplar, cedido por colecionador brasileiro, de um revólver M937 da segunda remessa:

número de série 208xxx – cabo

número de série 208xxx abaixo do cano

número de série estampado no tambor divergente do restante da arma. Série 202xxx

número de série do quadro, com nítidas marcas de remarcação, reforçando a ideia de remontagem das peças para terminar de cumprir o contrato com o Brasil.

Quando, em 1990, começou a chegar nos EUA os Modelos M937, que nosso Exército Brasileiro vendeu ao mercado Norte Americano (sem antes dar total prioridade aos colecionadores do Brasil), aqueles passaram a estudar o tema e perceberam que o segundo lote de armas enviadas ao Brasil após o término da Segunda Guerra Mundial foram remontadas com peças já existentes nos estoques da fábrica, ou, ainda, de armas que foram compradas pela própria Smith & Wesson dos excedentes dos estoques governamentais daquele país.

Merece total credibilidade os argumentos levantados neste fórum sobre armas de fogo. Isso explica a diferença de coloração entre o primeiro lote e o segundo lote. Não só o acabamento seria diferente, como as marcas de prova utilizadas pelo Exército Norte Americano. Assim, vários revólveres do contrato brasileiro surgiram nos Estados Unidos carimbados com marcas de prova de aceitação do Exército daquele país. Seria impossível que os revólveres do contrato brasileiro possuíssem tais marcações governamentais do Exército Americano.

O membro sênior Radom expôs seus argumentos. Informa que após o término da Segunda Guerra, o Governo Americano findou os contratos com a Smith & Wesson para produção do Modelo 1917, deixando a fábrica com peças inacabadas, quadros (corpo do revólver), além de estoque de peças. Armas do pós-guerra também foram utilizadas para montar os revólveres para o término do cumprimento do contrato com o Brasil, o que explicaria o porque esse segundo lote contém tantas armas com acabamento áspero e números de série divergentes. Vejamos:

6 de abril de 2010, 02:09   # 18
Radom

Membro Sênior

 

Data de entrada: 21 de Janeiro de 2000

Mensagens: 1.298

Se eu me lembro de coisas no lado correto depois da guerra, ao seu fim, o governo terminou os contatos deixando smith com um monte de 1917, quadros, que utilizou por alguns anos para fazer novas armas. Um monte de pedaços de armas comerciais do pós-guerra   têm a cabeça de águia (marca de prova) sobre eles. Muitas das armas de emissão do Brasil são um pouco ásperas no lado de fora como eles serviram na WW-2 em todo o caminho para Berlim.

Os revólveres M937 – seja do primeiro lote ou do segundo – deixam enlouquecidos os colecionadores de arma de fogo do Brasil. Isso se justifica pelo fato de que ambos os lotes tiveram, de alguma forma, participação na Segunda Guerra Mundial. Algumas das armas do primeiro lote tiveram  participação no teatro de operações com a FEB (Força Expedicionária Brasileira). O segundo lote de armas enviadas ao Brasil em 1946 (no pós guerra) foram reconstruídos com peças do M1917 que “serviram na WW-2 em todo o caminho para Berlim.”.

A grande polêmica internacional entre colecionadores do Brasil e dos EUA, no que se refere ao M937 do contrato brasileiro, é que as primeiras unidades enviadas ao Brasil têm números de série que se iniciam em 181.983. Ocorre, que no segundo lote enviado ao Brasil em 1946 foram encontradas armas com número de série inferior a 181.000, o que não se sustenta pela ordem cronológica. Vejamos:

 

6 de abril de 2010, 11:47   # 20
James K

Funcionários

 

Data de entrada: 17 de março de 1999

Mensagens: 23.777

Oi, Mike,

eu acho que ainda há algumas coisas que não sabemos sobre os 1917’s brasileiros e também sobre a produção entre guerras.

Um par de coisas que eu sei. Tenho um contrato brasileiro de 1917, número de série 164013. Possui marcas de inspetores de Armadores de Springfield no quadro, barril e cilindro. Os números de série do cilindro correspondem ao quadro. A ponta está limpa, exceto para o número de série correndo longitudinalmente, fundo para a direita e atrás do laço cordão. Os sinais são sutis, mas parece-me como a parte traseira foi soldada para cobrir as marcações butt original, e depois reformado. Não há também nenhuma bomba flamejante, mas novamente há indícios de que ele poderia ter sido removido. A fonte do número de série do butt é maior e diferente da usada para o Modelo 1917 dos EUA.

 

Mike Irwin sustenta que no primeiro lote de armas enviadas em 1938 não houve qualquer incongruência. Os problemas surgem no pós-guerra.

 

6 de abril de 2010, 14:47   # 23
Mike Irwin

Funcionários

 

Data de entrada: 13 de Abril de 2000

Localização: Northern Virginia

Mensagens: 38.710

Concordo que é muito interessante, Winchester.

Eu estou cavando através de todos os recursos limitados que tenho, e concedido, embora limitado, eles parecem indicar que armas do Governo foram recompradas e foram utilizadas para a segunda metade da ordem, mas não a primeira metade.

(…)

 

Portanto, é extremamente curioso o fato de que alguns revólveres M1917 pertencentes ao arsenal do governo militar dos EUA, largamente utilizados pelo Exército daquele país durante a Segunda Guerra Mundial, foram adquiridos pela própria fábrica da S&W (comprados como excedentes militares), reformados e  remontados como M937 para o término do cumprimento do contrato com o Brasil em 1946. Isso realmente explicaria o problema com as marcações dessas armas. Vejamos:

 

 5 de outubro de 2010, 09:00   # 30
Dogngun

Membro Sênior

 

Data de entrada: 18 de Novembro de 2002

Localização: South east PA

Mensagens: 556

Trazendo esse fio de volta – Meu contrato com o Brazillian Smith.

Cerca de 3 anos atrás, tropecei em um revólver S & W muito bom .DA .45 do Contrato Brasileiro e o comprei por US $ 450. Tenho algumas informações – recebi a minha carta de volta de Roy Jinks – mas há algumas perguntas interessantes que eu acho que nunca pode ser respondida nestes revólveres. Primeiro, o número de série SN é 1429xx, indicando fabricação em 1919, IIRC. A arma é um tipo de WWI 1917, com o frame superior redondo e a vista traseira (…)

O Sr., Jinks indica esta arma foi enviada ao forwarder – John Block Co, NYC, em 1º de maio de 1946 para a expedição ao Brasil. Ele também afirma que os números de série SN’s para este atraso do lote variam – correndo de 0 a 210.000. Ele afirma que o novo bloco de martelos foi adicionado em outubro de 1947, muito tempo depois que esses revólveres foram para o Brasil.

Eu ainda estou muito curioso como um revólver de estilo 1919 WWI no que parece ter acabamento comercial azul e sem selos militares foi enviado da fábrica em 1946.
Eu acho que todas essas armas antigas são um quebra-cabeça e interessante apenas como tal.

São também revólveres soberbos – NINGUÉM faz qualquer coisa uniforme tão lisa e bem cabida como estas armas velhas, e eu não posso imaginar o que um exemplar novo como aquele custaria hoje … provavelmente ser impossível fazer um agora.
Eu não atiro muito com o meu, mas isso vai mudar esta ideia.
FWIW.

marca

__________________
Sou outro veterano liberal que leva armas.

 

O texto acima mencionou que um revólver M1917 cujo número de série 142xxx remontaria ao ano de fabricação em 1919 foi remetido ao Brasil em 1946, confirmando a ideia da compra de excedente militar pela fábrica da S&W para cumprir o contrato com o Brasil. Também menciona que a segunda remessa dos revólveres M937 realizadas em 1946 podem ter números de série variando de 0 a 210.000, muito diferente do parâmetro indicado na primeira remessa (181.983 a 207.043). O exemplar acima possui número de série superior ao limite estabelecido para a primeira remessa. Essa arma foi mantida na caixa original (mesma foto que ilustra o post) e foi remetida ao Brasil sem o pino para acoplar ao coldre e possuí graves divergências nos números de séries de seus componentes. Seu proprietário, durante muitos anos pensou tratar-se de uma arma cujas peças foram remontadas no Brasil, imaginando tratar-se de uma arma sem originalidade, onde se pega o cano de uma arma, o cilindro/tambor de outra, misturando-se as peças, o que acarretaria a queda no preço da arma e a perda de seu caráter histórico.

Abaixo temos o trecho da narrativa de um colecionador Americano que pensava que seu Smith & Wesson do contrato brasileiro era uma arma sem qualquer origem, pois continha diferentes números de série em diversas partes da mesma arma.  Vejamos:

 

11 de outubro de 2010, 16:31   # 36
DG45

Membro Sênior

 

Data de entrada: 5 de Janeiro de 2009

Mensagens: 904

Eu possuo um do contrato Flat-top Brazillian S & W 45’s. O acabamento é bem usado, mas é definitivamente azul comercial; Não parkerizedo. No entanto, tem alças militares de nogueira lisa. A única outra coisa que parece militar é a traseira.

Esta arma tem números de série incompatíveis. Eu sempre considerei isso como uma “vira-lata” e acreditei que ela foi feita tirando o quadro de um revólver e o cilindro de outro. No entanto, foi montado a mão perfeitamente.

(…)
Número de série 195xxx é carimbado tanto sob o barril, e Sobre o buttstrap metal deste revólver, mas o número de série carimbado na parede traseira do cilindro é 186xxx. Tanto 195xxx e 186xxx caem dentro dos números de série das armas enviadas para o Brasil em 1938, mas não armas da Primeira Guerra Mundial. Há algum tipo de Marca minúscula (pode ser um oval duplo?) Cerca de um quarto de polegada na frente do número de série que está sob o barril.Eu não tenho ideia do que é essa marca ou o que ela significa, Mas gostaria de saber.

As únicas outras marcas que eu posso ver na arma parecem ser números de sub-montagem. O número 29006 encontra-se no interior da parte do quadro onde, quando o cilindro está fechado, encontra a parte interior do guindaste oscilante. Outra marcação ou número está dentro do guindaste oscilante. Isso parece ser uma 4 ou possivelmente alguma outra marca, seguida por 7690.

Alguém no fórum tem alguma ideia se esta arma foi originalmente feita na fábrica S & W de um inventário de peças armazenadas com números de série incompatíveis, ou se ele Foi feita mais tarde de peças recuperadas de dois canhões diferentes?

Em conclusão das assertivas acima mencionadas temos que ressaltar que os M937 enviados em 1946 ao Brasil foram efetivamente refeitos pela fábrica da S&W com várias partes diferentes de revólveres Modelo 1917.

Os números de série do segundo lote variam absurdamente, inclusive, abrangendo números de série do primeiro lote. Isso se confirma através de vários estudiosos e fóruns internacionais de armas de fogo. Essas variações, até o momento, podem ocorrer de 0 a 210.000.

Portanto, o colecionador brasileiro não deve se preocupar se o revólver M937 de sua coleção possui números de série divergentes, pois as armas do segundo lote, vindas ao Brasil contém peças de vários revólveres M1917 finamente reestruturados pela própria fábrica da Smith & Wesson para cumprir efetivamente o contrato com o Brasil no pós-guerra.

 

S&W M937 – CURIOSIDADES

Em 1930 as armas curtas brasileiras estavam todas defasadas em relação aos exércitos estrangeiros. Usávamos os velhos Nagant comprados ainda no tempo do Império e as pistolas Luger 1906 do contrato brasileiro de 1908, o que justificou a atualização do arsenal brasileiro com a compra das armas da Smith & Wesson em 1937.

Muito se discute o porquê o Brasil fez um pedido de 25.000 revólveres à Smith & Wesson e não optou por armas mais modernas como a pistola Colt.  Segundo se verifica de fóruns internacionais, a empresa Colt mantinha previsão limitada para fechar novos contratos, já que operava em capacidade máxima para atender contratos anteriormente firmados. Ademais, o revólver foi adotado para uso militar no Brasil por tradição militar, obedecendo a velhos conceitos que impunham uma crença de que o revólver seria mais confiável do que pistolas.

Finalmente podemos verificar da interessante discussão sobre o Modelo 17/37 no fórum www.thefiringline.com/forums/showthread.php?t=404995 que o primeiro lote de revólveres do Modelo 1917 chegaram ao Brasil em 1938, tendo sido logo suspenso o envio de outros lotes diante do início dos conflitos que deflagram a Segunda Guerra Mundial na Europa. Também podemos concluir que os revólveres da segunda remessa possuem o cabo liso, acabamento fosco e números de série incompatíveis entre suas próprias peças. A inconsistência nos números de série se devem à montagem dos M937 com peças recompradas pela S&W de armas que pertenciam ao arsenal de guerra dos EUA. Essa situação ao contrário de diminuir o valor histórico-comercial das peças justamente aumentam o valor de mercado para as armas da segunda remessa, uma vez que as inconsistências dos números de série foram elaboradas pela própria fábrica, algo incomum para os padrões Norte Americanos.

 

VENDA DO EXCEDENTE

Uma grande parte, senão a maioria de nossos revólveres M937 do contrato brasileiro foi vendida pelo Brasil ao mercado Norte Americano de colecionamento de armas de fogo entre 1989 e 1991. Por isso, é muito comum encontrar armas como essa em sites de compra e venda de armas dos Estados Unidos como o gunbroker.

No mercado Norte Americano, um revólver S&W M1937 do contrato brasileiro, em boas condições, tem seu preço a partir de U$ 1.000,00, podendo alcançar cifras de até U$2.000,00 dólares.

 

CONFLITOS MUNDIAIS E NACIONAIS

O Modelo 1917 e o M937 funcionam tanto em ação simples como em ação dupla. Essa arma foi testada em vários teatros de operação e conta com opinião de extrema confiabilidade durante seu uso em conflito militar. Por isso, destacamos o valor histórico deste revólver extremamente colecionável tanto no Brasil quanto no exterior. Vejamos:

 

 

Smith & Wesson 1917

Conflitos históricos

Colt 1917

Conflitos históricos

Smith & Wesson 17/37

Conflitos históricos

Primeira Guerra Mundial Primeira Guerra Mundial **********  
Segunda Guerra Mundial Segunda Guerra Mundial Segunda Guerra Mundial
Guerra da Coreia Guerra da Coreia **********
Guerra do Vietnã Guerra do Vietnã **********
********** ********** Período Militar de Repressão ao Comunismo no Brasil (1964 – 1985)

 

 

NÚMEROS DE SÉRIE E PROBLEMAS COM A SEGUNDA REMESSA

Segundo o Standard Catalog of Smith & Wesson (Jim Supica e Richard Naha, Gun Digest Books publisher 2016), designado simplesmente como SCSW em fóruns de armas na internet, foram produzidas 25.000 unidades do M937 referente ao contrato brasileiro. O envio da primeira remessa se deu em 1938. Após essa data o fornecimento de armas para outros países mediante contrato foi suspenso para que a fábrica da Smith & Wesson pudesse atender os interesses do governo Norte Americano na Segunda Guerra. Após o término do conflito em 1945 a S&W terminou a construção do restante dos revólveres, que foram enviados ao Brasil em 1946. Os números de série da primeira remessa se situam entre os números 181.983 a 207.043. Os números de série da segunda remessa são uma incógnita e despertam a curiosidade de colecionadores dos Estados Unidos. Embora na tabela acima mencionamos que o M937 não participou da Primeira Guerra Mundial, resta comprovado que muitos revólveres enviados ao Brasil em 1946 foram refeitos e montados com partes de revólveres governamentais dos Estados Unidos utilizados na Primeira e Segunda Guerra Mundial. Os números de série da segunda remessa, portanto, não obedecem qualquer ordem cronológica e variam de 0 a 210.000.

 

O fundador do site Armas Históricas é Advogado. Colecionador da 2ª RM. Estuda armas de fogo e artefatos militares e seu impacto e relevância para os dias atuais. Também é entusiasta e participa de encontro entre colecionadores do Brasil e exterior. Sócio da Confederação Brasileira de Tiro Esportivo no Estado do Rio de Janeiro.

 


1 comentário

José Luís de Oliveira · 16/09/2020 às 01:40

Muito bom mesmo

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