GEWEHR 41 – O PRIMEIRO RIFLE SEMIAUTOMÁTICO DA ALEMANHA NAZISTA

Cortesia de colecionador paulista: 2ª Região Militar. G41 (W).

 A Segunda Guerra Mundial foi o conflito militar que mais utilizou avanços bélicos, praticamente exigindo de engenheiros militares esforços inigualáveis. Nesse conflito morreram mais de 50 milhões de pessoas. Foi primordial para redefinir o mapa atual da Europa e redirecionou o avanço tecnológico de praticamente todas as armas de fogo. Nesse período tivemos importantes avanços em design e sistemas operacionais, onde as armas eram projetadas e lançadas para a linha de frente nos teatros operacionais, sendo a figura do soldado aquele que praticamente testava os acertos e erros, vantagens e desvantagens dos projetos. Não foi diferente com a M3 dos EUA, com o G41 da Alemanha dentre outras armas que mostraram a necessidade de readaptação e reformulação quando testadas nas batalhas iniciais logo após sua criação.

Gewehr 41

Designado simplesmente como G41, o Gewehr 41 foi o primeiro rifle semiautomático produzido em massa para a finalidade de armar a infantaria do Exército Alemão na Segunda Guerra Mundial.

O Escritório de Armas Alemão designou as empresas Carl Walther e Mauser para produzirem um rifle semiautomático dentro de certas especificações.

Já no início da Segunda Guerra Mundial era evidente que a infantaria necessitava de um rifle semiautomático, tornando-se premente essa necessidade depois da invasão da Rússia na chamada Operação Barbarossa em 22 de junho de 1941, onde quase todos os soldados do Exército Vermelho estavam armados com rifles semiautomáticos Tokarev STV, revelando a desvantagem do fuzil alemão de ferrolho Mauser 98k.

Embora os fuzis Mauser 98 fossem extremamente precisos e confiáveis, era necessário aumentar a taxa de fogo, conferindo ao soldado maior poder de fogo e autonomia. Os projetos apresentados pela Walther e Mauser foram muitos semelhantes.

As especificações repassadas às empresas foram as seguintes:

Uniformidade de munições no calibre padrão 7,92×57;

Possibilidade de disparo manual através de ação de ferrolho em caso do mecanismo semiautomático falhar;

O rifle não poderia ter partes removíveis em sua superfície;

O sistema em cone na ponta do cano funciona como armadilha para aproveitar os gases do disparo, desarmando o ferrolho.

Ambos os rifles apresentados pelas empresas concorrentes foram projetados para disparar a munição mencionada aproveitando a queima dos gases provenientes do disparo para desarmar o ferrolho, elevando-o para trás por meio de um pistão. Esse pistão era impulsionado para trás através do aproveitamento dos gases gerados pelo disparo, onde eram capturados por meio de um sistema preso próximo à ponta do cano.

A busca alemã para produzir um fuzil semiautomático resultou na criação de dois projetos no ano de 1941: o G41 (M) e o G41 (W), Mauser e Walther respectivamente.

O sistema de recarregamento da arma (tanto Walther quanto Mauser) era realizado por meio dos clipes do fuzil 98k, uma vez que o carregador do G41 era fixo à arma. Assim, quando o atirador disparava o último tiro, bastaria pegar o clipes contendo as 5 munições e ejetar dentro do G41 por duas vezes para carrega-lo com a capacidade máxima de 10 disparos. Portanto, o sistema de carregamento era idêntico ao fuzil padrão Mauser da infantaria.

Esse modelo de recarregar o rifle (por meio de clipes) era semelhante aos nossos DWM 1908. O Brasil adquiriu da Alemanha em 1908 uma grande quantidade de fuzil para armar o Exército Brasileiro, onde o carregamento e recarregamento eram realizados por meio de clipes.

A empresa Mauser levou à risca todas as especificações do projeto imposto pelo Heereswaffenamt e do Alto Comando do Exército Alemão, o que resultou na criação de um rifle complexo, pesado e propenso a falhas. Apenas 6.673 G41 foram feitos pela Mauser.

Ao lado temos a imagem do G41 elaborado pela Mauser. Verifica-se que além do sistema semiautomático, ele possui a possibilidade de engatilhamento por ferrolho, onde o soldado, em caso de falha do sistema de gás, poderia dispará-lo por meio manual. Esse sistema tornou a arma mais pesada e extremamente propensa a falhas. Tanto isso é verdade que 1.673 G41 (M) foram devolvidos como inutilizáveis.

Já a empresa Walther se sai melhor na elaboração do G41. Contrariando as especificações do Alto Comando, projetou a referida arma sem ferrolho. Embora o rifle funcionasse apenas como arma semiautomática, em caso de pane o soldado poderia engatilhar o rifle manualmente, onde a munição seria ejetada por meio desta ação. Por isso o design da empresa Carl Walther era mais simples e menos propenso a falhas, sendo o escolhido como padrão regulamentar para armar a infantaria alemã.

Soldado alemão levando um G41.

A Alemanha, por meio do Escritório de Armas do Reich (Heereswaffenamt) impunha a determinação de supressão do nome de fábricas. Era proibido, muitas vezes, que certas armas ostentassem o nome do fabricante. Inicialmente isso foi feito para burlar o Tratado de Versalhes que impunham sérias limitações à produção de armas, e, mais tarde, como forma de impedir a identificação de fábricas ativas na Alemanha, evitando-se eventuais bombardeios às instalações em atividade.

Os rifles G41 em produção pela Walther experimentaram produção em massa em duas fábricas distintas, uma em Zella Mehlis e outra em Berlin-Lübecker Maschinenfabrik (BLM). O código de produção nazista que identifica o fabricante e as demais especificações como modelo, calibre e ano de produção da Walther era o “AC” com marcas de inspeção WaA359. As produzidas pela BLM possuem o código “DUV” com marcas de inspeção WaA214.

Esses rifles (G41) são relativamente raros e escassos, sobretudo devido à voracidade do mercado de colecionadores dos EUA. Fontes variáveis colocam os números de produção dessa arma entre 40.000 e 140.000 unidades produzidas, tornando-os raros de se encontrar. Devido ao fato da Alemanha ter perdido a guerra e ter sido o lado negativo do conflito, suas armas são consideradas raras e fortemente colecionáveis, o que esgota sua procura elevando o valor comercial de suas peças. Atualmente rifles G41 atingem facilmente o valor de U$5.000,00 nos EUA, mais de R$15.000,00 no Brasil.

Cortesia de colecionador particular.

Uma das principais características dos G41 é a coloração avermelhada da madeira. São facilmente identificáveis as armas que tenham sido reformadas devido à perda dessa coloração. Repare ao lado uma arma jamais reformada, onde se nota a nítida presença do tom avermelhado.

Uma das razões que contribuíram para o aumento do valor comercial dessa arma se resume no fato de que muitos soldados simplesmente jogavam fora os G41. Esse rifle não se mostrou satisfatório em combate, pois frequentemente era propenso a falhas de recarregamento (mesmo os produzidos pela Walther e BLM), o que colocava em risco a vida do operador. Muitas armas foram perdidas em batalhas (simplesmente descartadas) o que reduziu em muito o número de peças existentes, contribuindo hoje para o aumento do valor comercial da peça entre colecionadores.

Em algum recôndito da União Soviética soldado alemão com G41 em punho.

Os rifles G41, seja em qualquer espécie de modelo fabricado (MAUSER ou WALTHER), tiveram real participação na Segunda Guerra Mundial. A participação bélica que mais angariou fama aos G41 foram sua efetiva participação na tentativa de barrar o avanço do Exército Vermelho pela Alemanha Nazista de Adolf Hitler. Grande parte desses rifles – senão todos (devido à sua pouca produção) estiveram presentes em batalhas significativas durante a Segunda Guerra mundial.

Resta, portanto, demonstrado o caráter histórico e extremamente colecionável dos Fuzis/Rifles G41, os quais devem ser preservados como garantia de aperfeiçoamento da memória histórico-cultural, inclusive porque os soldados brasileiros da FEB, provavelmente enfrentaram em campo de batalha na Itália esse temível fuzil semiautomático alemão.

 

O fundador do site Armas Históricas é Advogado. Colecionador da 2ª RM. Estuda armas de fogo e artefatos militares e seu impacto e relevância para os dias atuais. Também é entusiasta e participa de encontro entre colecionadores do Brasil e exterior. Sócio da Confederação Brasileira de Tiro Esportivo no Estado do Rio de Janeiro.


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