Um pouco da pistola Luger P08 new model
Embora a pistola Luger tenha sido fabricada do início do século XX até 1942, seu conceito habita o imaginário popular como a “pistola nazista”. Isso porque a partir da chegada ao poder do Partido Nacional Socialista Alemão em 5/03/1933, inicia-se uma corrida armamentista dentro do Reich Alemão, o que trouxe novos contornos à pistola Luger.
Uns dos maiores problemas a ser enfrentado pelo partido de Hitler era burlar o Tratado de Versalhes. Esse Tratado nasceu do pós Primeira Guerra Mundial e impunha à Alemanha várias sanções econômicas e militares em razão de sua participação naquela guerra. Seria necessário enganar os países signatários do Tratado, já que este impunha uma série de limitações ao poderio bélico da Alemanha.
O que isso tem a ver com a pistola Luger? Na verdade, embora essa pistola tenha sido fabricada de 1900 a 1942, o ano de 1934 é um divisor de águas para as pistolas Luger. Os colecionadores Norte Americanos usam essa data para classificar as pistolas Luger fabricadas antes de 34 (1900-33) como old model e a partir de 1934 (34-42) como new model.
Como poderia a Alemanha se rearmar sem despertar a curiosidade de países como França, Império Britânico e EUA? Para REARMAR A ALEMANHA NAZISTA seria necessário elaborar uma gama de códigos secretos e intrincados para ludibriar os signatários do Tratado de Versalhes. Os nazistas foram mestres nisso. A solução foi criar códigos para impedir que as nações de modo geral percebessem seu rearmamento.
Hitler assume o poder em 1933 e já sabe que a guerra se aproxima, ou, ao menos, sabe que irá fazer a guerra acontecer. Para isso era necessário destruir seus opositores dentro da Polícia, destruir os rivais da SA e unificá-la sob a bandeira da SS, dentre outras atitudes de inteligência como a criação da Gestapo etc.
Assim, a partir de 1934 as lugers foram emitidas de forma, tipo, maneira, tamanho e modelo diferente para cada finalidade pretendida pelo Reich Alemão por meio de códigos. Portanto, o colecionador pode pegar nas mãos duas pistolas Luger P08 idênticas, mas apenas um código encravado na arma irá demonstrar secretamente quando e onde essa pistola seria utilizada.
Outra coisa importante que define as pistolas Luger em old model e new model é que antes da chegada ao poder dos nazistas havia modelos de uso civil. Após 1934 as pistolas formam emitidas somente para fins governamentais. Começa ai o controle de armas para a população civil.
A pistola Luger inicialmente era feita pela DWM. Essa empresa foi adquirida pela BKIW (Berliner-Karlsruher Industrie-Werke e, posteriormente, já na década de 1930, a maquinaria, os técnicos e os suprimentos foram transferidos de Berlim-Wittenau para Oberndorf e o interesse da BKIW na Parabellum cessou. Portanto, a partir da década de 1930 a produção das pistolas Luger passou inteiramente para a empresa Mauser Oberndorf Ag.
Para ocultar a produção iniciada em 1934 inteiramente para o Reich Alemão, uma série de números, letras do alfabeto e códigos chamados waffenamt foram atribuídos à empresa Mauser para identificar sua produção, além do código de data em cima da câmara, para indicar o ano de produção.
Acima temos a imagem de duas pistolas Luger em modelos militares. A primeira foi fabricada no ano de 1935 e a de baixo no ano de 1934, conforme se verifica pela letra indicadora do ano de produção gravada no topo da câmara. Trata-se de um artifício nazista para burlar as regras do Tratado de Versalhes.
Todas as pistolas Luger new model são numeradas em diversos pontos da mesma arma por meio dos dois últimos dígitos do número de série. Os números de série são compostos de 04 (quatro) dígitos e um sufixo (letra alfabética). Assim, por exemplo, em 1935 foi lançado o código G na arma para indicar o ano de 1935, iniciando os números de série 0001a até 9999a, voltando ao início 0001b até 9999b até rodar, em tese, todo o alfabeto.
O colecionador que pretenda adquirir uma boa pistola Luger para preencher o enredo referente à Segunda Guerra Mundial em sua coleção, deve prestar muita atenção a pequenos detalhes na arma.
A marca de prova militar (águia/63) indica que a pistola foi aprovada para uso militar por inspetores governamentais que atuavam nas instalações da fábrica da Mauser, ou seja, a arma foi considerada apta a prosseguir para as linhas de frente no uso militar padrão para o ano de sua produção. Entretanto, essa marca de prova trata-se de marca geral para uso militar da Wehrmacht.
Pode acontecer da pistola Luger possuir a marca de prova geral de aceitação militar (Águia/63) e um selo de aprovação para a Força específica onde deveria ser utilizada. Assim, o colecionador deve procurar o selo de aceitação do Exército (Heer), da Marinha (Kriegsmarine) ou da Aeronáutica (Luftwaffe).
No caso dessa pistola, além do selo de aceitação militar colocado por inspetores militares na fábrica da Mauser Eagle/63, temos a aceitação da Kriegsmarine Alemã. Esse selo composto de uma águia estilizada com a letra M, bem como a letra N, comprova tratar-se de uma marca de prova da MARINHA NAVAL utilizada pela Kriegsmarine de 1934 a 1945.
Falar sobre a Pistola Luger new moldel que são aquelas fabricadas dentro do Reich Alemão, compreendidas sua fabricação entre 1934 a 1942 não é tarefa fácil. Isso porque há centenas e centenas de códigos secretos, selos, marcas e outras características que definem o nome do fabricante, o ano e para onde a arma foi emitida dentre outras informações relevantes para o governo alemão.
No começo a finalidade desses códigos secretos era enganar as nações signatárias do Tratado de Versalhes. Posteriormente esses códigos foram sendo utilizados até o final da Guerra como forma de impedir a localização de fábricas ativas, evitando-se eventuais bombardeios.
Entretanto, essas marcas de aceitação eram constantemente mudadas, utilizando-se de inúmeras marcas segundo cada produto militar empregado em quase todos os produtos alemães no período em que esteve no poder o Partido Nacional Socialista Alemão (1933 – 1945).
O fundador do site Armas Históricas é Advogado. Colecionador da 2ª RM. Estuda armas de fogo e artefatos militares e seu impacto e relevância para os dias atuais. Também é entusiasta e participa de encontro entre colecionadores do Brasil e exterior. Sócio da Confederação Brasileira de Tiro Esportivo no Estado do Rio de Janeiro.
1 comentário
Cesar Ventura · 18/10/2020 às 23:52
Penso que um pais que nao se importa com a historia do militarismo mundial ou de seu proprio pais deixa um vazio para todos , por isso aqui deixo o que penso com um parabens a vc. por sua nobre iniciativa de colabora com essa cultural quase sem relevancia no Brasil e apos o dezarmamento no gov. Lula se tornou quase invizivel com a destuicao de armas de grande relevancia para a historia do militarismo do Brasil.